sexta-feira, 14 de maio de 2010

ACESITA / TIMÓTEO

Confusão de nomes iniciada muito antes da emancipação do município pode estar com os dias contados.
Em alguma praia de alguma cidade litorânea um timotense flerta com uma nativa:
- Onde você mora?
- Em Timóteo. Leste de Minas Gerais.
- Nunca ouvi falar.
- Estranho, minha cidade é bem conhecida. Fica na região do Vale do Aço. E lá tem uma grande indústria produtora de aço, a ACESITA.
- Ah, você mora é em ACESITA?! Por que não falou antes? Claro que conheço a sua cidade. Sempre que viajo para Minas passo lá por perto.
Ligeiramente irritado, o timotense retruca:
- Não. Eu não moro em ACESITA. Moro em Timóteo. ACESITA é uma empresa. Não uma cidade.
- Não entendi nada, diz a garota, um tanto quanto constrangida...

O diálogo acima é fictício. Mas isso não quer dizer que ele não acontece na vida real. Há décadas timotenses são surpreendidos por questionamentos do gênero. Talvez, você mesmo, tenha este tipo de dúvida. Afinal, é no mínimo curioso uma cidade ter identidades tão distintas.

A confusão do nome é antiga. Tem origem no final da década de 40 e início da década de 50, quando foi implantada a ACESITA, hoje ArcelorMittal Inox Brasil. Padre Abdala Jorge, que chegou em 1953 e é um dos moradores mais antigos de Timóteo, conta que a Siderúrgica construiu uma verdadeira cidade no seu entorno para acomodar os milhares de funcionários que chegavam de todas as partes do Brasil e do mundo. Essa cidade era conhecida como cidade da ACESITA e possuía elevados índices de desenvolvimento econômico e social. Até hospital equipado com Raio-X existia em seus limites. Um luxo em tanto para os padrões da época.

Neste período, Timóteo, a dona das terras onde a siderúrgica havia sido implantada, não passava de um pequeno distrito de Coronel Fabriciano. O povo do lugar sobrevivia da agropecuária e da exploração da madeira. Na visão dos “acesitanos”, acostumados aos luxos de “Cidade Desenvolvida”, timotense era sinônimo de atraso, de caipira. Por causa disso, eles se recusavam a adotar o nome. A rixa entre as duas “populações” era constante.

O auge do confronto ocorreu em 1981, época em que foi realizado um plebiscito como tentativa de mudar o nome de Timóteo para ACESITA. O prefeito na época, Geraldo dos Reis Ribeiro, lembra que a rixa era tanta que o povo de ACESITA costumava chamar os timotenses de Sucupira, numa alusão à cidade atrasada da novela “O Bem Amado” que fazia grande sucesso na Rede Globo. No plebiscito venceu ACESITA. Foram no total 23127 votos, sendo 2861 votos favoráveis à troca do nome contra 4976 contrários, 382 nulos e brancos e 4976 abstenções. Só que o governo do Estado, por causa de divergências políticas, segundo o ex-prefeito, se negou a reconhecer o plebiscito.

Um comentário:

  1. Está errado os números, a quantidade de votos a favor da mudança de nome foi muito maior que os votos contrários. Foi uma verdadeira armação do governo do estado na época. Estou escrevendo a pura verdade, meu bisavô foi um dos primeiros Engenheiros a chegar na região para instalação da Acesita e Usiminas.

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